domingo, 7 de agosto de 2011

Lucila Tragtenberg & Rogério Rauber ---> Exposição na PUC-SP



No renascimento, uma das soluções encontradas para viabilizar o transporte das imagens planares foi o advento do suporte móvel da imagem tal como o conhecemos ainda hoje: a tela em tecido aplicada sobre um chassi de madeira. Desde então, este vem sendo o suporte tradicional daquilo que convencionamos chamar de pintura. Com a entrada de novas tecnologias de produção de imagens, na atualidade, a condição do quadro muda radicalmente. O que conhecíamos como pintura agora ultrapassou as paredes dos palácios burgueses, habitando, também, o nosso cotidiano, em múltiplas e variadas formas de suportes. Este contexto, que envolve a tradição da pintura e sua expansão para além dos limites deste conhecimento, é o lugar aonde vamos nos situar para abordar as imagens que Lucila Tragtenberg e Rogério Rauber produziram para esta exposição.

Primeiramente, Lucila nos apresenta uma configuração híbrida que perpassa três meios expressivos diferentes. Iniciando sua ação performática, usando uma composição musical que explora as possibilidades sonoras e suas respectivas frequências vibratórias, o aparato técnico proposto pela artista sujeita a realidade material de um pigmento a uma superfície que enfatiza fisicamente a vibração sonora. A movimentação do pigmento sobre um suporte plano faz com que este fino pó caminhe sobre a superfície do papel, espalhando, desenhando e imprimindo, por impregnação, uma imagem abstrata. Como memória visual que encerra e contém todo este trajeto experimental, Lucila apresenta verdadeiras monotipias instaladas que atuam como testemunhas discretas de um mundo outrora auditivo e que agora, finalmente, repousam silenciosas na parede.
Em seguida podemos observar Rogério Rauber, com sua experiência visual que investiga, em última instância, um viés escatológico da pintura. Construir configurações com materiais que parecem ter se originado de um quadro destroçado, picado, esmagado e torcido, um autêntico bagaço de pintura, equivale subjetivamente, neste caso, a um gesto desesperado e consciente do artista, diante das limitações e implicações que o fazer pictórico suscita atualmente com sua carga semântica, posto que a pintura seria algo já cristalizado como linguagem no sistema de arte. Daí, a ideia de limitação da pintura e, consequentemente, do enfrentamento que percebemos como resposta do artista. Inconformado com a suposta finitude deste meio expressivo, Rauber expande e ultrapassa o campo linguístico da pintura, tradicionalmente delimitado por um repertório gramatical já muito bem conhecido e estabelecido. Sua experimentação, que transita pela materialidade e disposição espacial dos destroços do quadro, amplia os recursos gramaticais conhecidos desta linguagem planar, trazendo novas informações e possibilidades oriundas deste trabalho, que parte do grau zero do bagaço da pintura, rumo a um novo começo.
Ao percorremos a exposição destes artistas, torna-se evidente uma inclinação deliberada que se orienta para além dos limites da pintura. Ou seja, o que vemos são experiências que transbordam as fronteiras da pintura que já conhecemos. Tais experimentos resultam em presenças visuais que trazem novas imbricações da pintura com outros meios expressivos. Rogério Rauber e Lucila Tragtenberg, em suas imagens, encontram-se fazendo algo que, a princípio, não é pintura, mas acaba sempre remetendo a esta origem. Vestígios formais e processuais, tais como matéria, cor e frontalidade, acabam sempre nos encaminhando para uma noção de pintura que usa alguns elementos da sua tradição. Mas, certamente, estas imagens encontram-se fora dos suportes convencionais. O que vemos é uma pintura fora da pintura.
João Wesley de Souza
Julho de 2011
Mestre em Linguagens Visuais pela UFRJ e doutorando em Linguagens e Poéticas da Arte Contemporânea pela UGR, Espanha


Rogério Rauber
O BAGAÇO DA PINTURA
Lucila Tragtenberg
performance SOUND, PINTURAFORADAPINTURA
de 11 de agosto a 10 de setembro de 2011
abertura: 11 de agosto (quinta) das 18 às 22h
Espaço Cultural da Biblioteca Nadir Kfouri
PUC-SP – Rua Monte Alegre 964 – Perdizes – São Paulo

sábado, 6 de agosto de 2011

segunda-feira, 6 de junho de 2011


Informações sobre a oficina isto?é arte
(o título é assim mesmo, com o ponto de interrogação "incrustado" - uma licença poética anunciadora do conteúdo)

Nesta oficina, vivenciaremos métodos que expandem o contexto habitual dos procedimentos artísticos. Os participantes terão a oportunidade de acessar uma criatividade renovada e, daí, mais eficaz, diversificada e potente. E, também, melhor sintonizada com questões internas (emergidas do universo poético do participante) e externas (nosso imenso e variado patrimônio histórico e contemporâneo).

O público alvo, como diz o subtítulo "para curiosos de 14 a 100 anos" são pessoas que gostariam de saber mais sobre arte, mesmo já tendo alguma experiência ou, como muitos dizem, tendo "talento nenhum". As vivências elucidarão: arte não depende de dons especiais. Pois é uma atividade inerente à (e fundadora da) própria condição humana. A arte está essencialmente inserida na nossa caminhada histórica e no nosso dia-a-dia, muito mais do que normalmente supomos. E tem um papel insubstituível na nossa saúde física, mental e espiritual. Da mesma forma, a arte está ligada à nossa atividade cotidiana, seja ela qual for. Pois mesmo o profissional que se supõe mais distante de uma atividade artística pode (e até precisa, por responsabilidade com sua atuação) se beneficiar com o conhecimento artístico, já que ele gera soluções inesperadas para as mais diversas questões.

Toda a prática será articulada com a análise e debate de trabalhos artísticos clássicos e contemporâneos.

Todo o material (prático e informativo) a ser utilizado será fornecido pelos organizadores.

Nome (título e subtítulo):
isto?é arte - uma oficina criativa
(para curiosos entre 14 e 100 anos)

Data e horários:
dias 16 e 17/jun (quinta e sexta) das 19 às 22h
e dia 18/jun (sábado) das 9 às 12h

Coordenador da oficina:
Rogério Rauber - artista visual e professor

Convidados a participar:
Adolescentes e adultos, com ou sem conhecimentos artísticos

Sobre o coordenador:
Rogério Rauber iniciou sua carreira como artista visual no final da década de 70. Participou das primeiras atividades da "Casa Velha - Convívio de Arte", em 1977, em Hamburgo Velho. Integrou o Grupo Hamburguéia Desvairada entre 1978 e 1980. Criou o "Allesblau! Arte & Boemia", lendário espaço que abrigava um bar noturno e atividades culturais (cursos de arte, exposições de artes visuais, apresentações musicais, esquetes teatrais, debates e ações ecológicas/políticas/culturais - em 1984, misteriosamente incendiado depois de 9 meses resistindo à repressão). Foi coordenador do Movimento Roessler (1986 a 1992). Publicou "Peixim e o Rio dos Sinos" em 1989, pela Editora Otomit, além de mais 3 outros livros infanto-juvenis com temática ecológica. Foi professor de desenho na Galeria Carrasco (1983), no Centro de Cultura (NH, 1983-84), no "Allesblau! Arte & Boemia" (1984), no Ateliê Fazendo Arte (1985 a 1989), na Casa 1173 (1999 a 2001) e no Programa Sase-FESC (oficinas de arte para crianças em situação de risco na periferia de Porto Alegre, entre 1996 e 2000). Desde 2002 atua no eixo Rio-São Paulo como professor e artista. Em 2005 ganhou o "Prêmio Novíssimos IBEU", no Rio de Janeiro. Atualmente tem ateliê em São Paulo.

Local:
Ateliê Fazendo Arte

Endereço:
Rua Curitiba 594 – Bairro Boa Vista – Novo Hamburgo – RS

Inscrições e maiores informações:
simonefazendoarte@yahoo.com.br
rauber1960@gmail.com


Texto de divulgação:
Será uma vivência onde experimentaremos
formas de expressão criativa que podem ser
acessadas independentemente de “talento” ou
prévios conhecimentos técnicos e teóricos.

Também conversaremos sobre arte contemporânea
e do passado, a partir de exemplos que oportunizam
uma saudável expansão do nosso ser/estar no mundo.

Observação:
A imagem usada na divulgação é foto do trabalho de Cildo Meireles: "Inserções em circuitos ideológicos, Projeto coca-cola"

terça-feira, 26 de abril de 2011

isto?é arte


isto?é arte
uma oficina criativa
para curiosos entre 14 e 100 anos
Uma vivência onde experimentaremos formas de expressão criativa que podem ser acessadas independentemente de “talento” ou prévios conhecimentos técnicos e teóricos.
Também conversaremos sobre arte contemporânea e do passado, a partir de exemplos que oportunizam uma saudável expansão do nosso ser/estar no mundo.

sábado 30/04/11 das 15 às 19h
orientador: professor rogério rauber
local: ateliê artes e movimento
rua joão batista leme da silva 54
vila madalena - são paulo – sp

inscrições e informações:
suzanasoares@uol.com.br  ou 8226 9793 (suzana)
rauber1960@gmail.com  ou 8887 1800 (rogério)

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Wilhelm abriu a porta e...

Wilhelm abriu a porta e ouviu: "Boa tarde, Sr. De Kooning, meu nome é Robert, sou estudante do Black Mountain College e gostaria de apagar um desenho seu."  O (já naquela época) prestigiado pintor vasculhou em sua mapoteca e, para sacanear o sacaneador, escolheu um dos seus desenhos mais elaborados, com profundas incisões do grafite mais duro.  Assim iniciou a saga do "Robert Rauschenberg's Erased De Kooning".  Mas o vídeo que publico conta outro causo: o desapagamento deste apagamento. E ao inverso.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011