segunda-feira, 2 de julho de 2012




Décio Pignatari:

"A poesia é uma coisa divina, mas a prosa é um sofrimento brutal, não é a inspiração que resolve. Eu concordo com aquele pensamento de Baudelaire que dizia que 'quanto mais se trabalha, melhor se trabalha'. Não gosto de fazer um trabalho no ímpeto da inspiração. Gosto de trabalhar, com método e com concentração, para pensar na frente daquele branco enorme à minha frente - o Brasil é um imenso branco, o significado de cada palavra é uma benção enorme."
(Fonte: O Estado de São Paulo, 27/02/1999 - Jotabê Medeiros)

Clarice Lispector:
“O processo de escrever é feito de erros - a maioria essenciais - de coragem e preguiça, desespero e esperança, de vegetativa atenção, de sentimento constante (não pensamento) que não conduz a nada e de repente aquilo que se pensou que era “nada” era o próprio assustador contato com a tessitura de viver - e esse instante de reconhecimento, esse mergulhar anônimo, esse instante de reconhecimento (igual a uma revelação) precisa ser recebido com a maior inocência, com a inocência de que se é feito."
(Fonte: Jornal do Brasil, 8/5/1999)

Carlos Fuentes:
"Não creio na inspiração, é uma palavra que detesto. Só existe nas cartas de amor, aos quinze anos. Creio na disciplina, às oito da manhã, com minha caneta, até a uma da tarde e depois, até a noite, trabalhando."
(Fonte: O Estado de São Paulo, 24/04/1983)

Jean Cocteau:
"Não é inspiração; é expiração." (As mãos finas e pálidas sobre o peito; solta o ar; um profundo suspiro saindo bem de dentro.)
(Fonte: Os escritores 2: as históricas entrevistas da Paris Review. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.)

João Cabral de Melo Neto:
"Eu não acredito em inspiração e nem sou poeta inspirado. O ato de criação para mim é intelectual. Minha poesia trabalha a criação e a construção. Acredito na expiração. Na composição de um poema, primeiro me ocorre um tema e eu tomo nota. Depois vou estudando-o e desenvolvendo-o. Nunca escrevi um poema inspirado, soprado pelo Espírito Santo. Isso eu não sei o que é..."
(Fonte: Correio Braziliense, 18/01/1998 - Gerson Camaroti)

João Cabral de Melo Neto:
"Inspiração não tenho nunca. Aliás, como diz Auden, a poesia procura a gente até os 25 anos. Depois, é a gente que tem de procurá-la, inspirá-la. Confesso que desde o início construí minha poesia. Rendimento é uma questão de trabalho e método. De sentar todos os dias à mesma hora. O rendimento dos primeiros dias pode ser menor, mas depois se torna regular."
(Fonte: Jornal do Brasil, 16/08/1968)

João Cabral de Melo Neto:
"Há dois tipos de poetas: os esforçados e os inspirados. O poeta inspirado tem defeitos que o esforçado não tem, e vice-versa. Eu, por uma questão de temperamento, me coloco entre os esforçados. Há quem diga que tudo que não é espontâneo não é autêntico, mas não concordo com esta opinião. Com o esforço, pode-se aprefeiçoar sempre uma obra, independente da inspiração."
(Fonte: Diário de Pernambuco, 08/10/1973 - Geneton Moraes Neto)

Julio Cortázar:
"Mas o que posso dizer, e por isso falo que o trabalho me impõe o método, é que, quando começo uma coisa, há subitamente uma espécie de corrente que se fecha entre mim e a coisa, entre mim e essa página que foi posta na máquina. E então volto, fico e termino o que estou fazendo. Nesse momento sou capaz de trabalhar horas seguidas."
(Fonte: PREGO, Omar. O fascínio das palavras: entrevistas com Julio Cortázar. Rio de Janeiro: José Olympio, 1991)

Observação: estes depoimentos foram selecionados a partir de http://www.tirodeletra.com.br/Inspiracao.htm. Há argumentos favoráveis à ideia de inspiração... Pincei estes pelo potencial desmistificador, pois considero esta ideia uma verdadeira casca de banana.

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